IGREJA
Uma realidade Visivel
2ª Edição.
Por Oséias de Lima Vieira
Introdução
A
nossa essência determina o que constituímos e o que idealizamos. Assim também é
a igreja cristã. Há uma convergência atual de negar o verdadeiro caráter da
igreja. Isso acontece normalmente quando a igreja é ofuscada por ênfases que invalidam
aquilo que é básico para ela própria. Ao falar da definição e natureza da
igreja, a Segunda Confissão Helvética diz: “a igreja é uma assembleia dos fiéis”,
convocada e reunida do mundo, uma comunhão de todos os santos, isto é, daqueles
que verdadeiramente conhecem e honestamente adoram e servem o verdadeiro Deus
em Jesus Cristo, o Salvador, pela palavra do Espírito Santo, e que pela fé
participam de todos os benefícios gratuitamente oferecidos mediante Cristo”.
Esta afirmação aponta para a verdadeira essência (natureza) da igreja cristã:
Ela é a comunhão dos santos.
A Igreja encaixa-se no plano geral de Deus para unir todas as coisas em Jesus Cristo. É o povo que Deus está formando e por meio do qual ele tem agido na história. Nesse sentido a igreja tem raízes que retrocedem ao antigo testamento, antes mesmo da queda da humanidade. Sua missão estende-se para além de toda a história remanescente e para a eternidade.
Sua história é a dimensão histórica da igreja.
Mas ela tem também uma dimensão universal. Este mundo de espaço e tempo é realmente parte de um universo maior, espiritual, no qual Deus Reina. A igreja é o corpo dado a Cristo o Salvador vitorioso. Deus escolheu colocar a igreja com Cristo no próprio centro de seu plano de reconciliar o mundo consigo.
A missão da Igreja, portanto, é glorificar a Deus executando no mundo as obras do Reino que Jesus iniciou. Isso lhe concede o serviço mais amplo de continuar o ministério que Jesus tinha de “evangelizar aos pobres, apregoar liberdade aos cativos, dar vistas aos cegos, por liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor”.
O que é ser igreja?
A Bíblia refere à igreja em uma variedade de maneiras. Primeiro e principalmente, ela é o corpo de Cristo.É a noiva de Cristo, o rebanho de Deus, o templo vivo do Espírito Santo de Deus.
Praticamente todas as imagens bíblicas da igreja sugerem um relacionamento essencial e vivo de amor entre Jesus Cristo e ela.
A igreja é uma comunidade de adoração (Gr.Latreia). Precisamos confirmar nossos compromissos com o culto púbico e examinar nossa atitude com relação a ele, como sacerdote neotestamentários é nosso privilégio e responsabilidade, ao nos reunirmos toda semana , levar a Deus uma oferta de louvor (Hebreus 13.15) Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.
. A adoração aparece freqüentemente nas escrituras, mas de maneira suprema nos salmos, o hinário da igreja judaica. O novo testamento contém muitas expressões da prática da adoração (Mt.6.9; Mc 14:12 At. 3:1 etc.)
A igreja é uma comunidade criada para a comunhão em Cristo (Gr. Koinõnia), A comunhão entre as pessoas e a glorificação de Deus pela igreja acham-se intimamente ligadas, “Portanto acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”. Koinõnia significa essencialmente participar em algo. A comunhão do novo testamento envolvia a prática da hospitalidade (hebreus 13; 2 1pedro 4;9) . A harmoniosa vida comunitária dos primeiros cristãos constituiu a maior atração da fé para os pagãos da época.
A igreja tem certamente poucas coisas de maior relevância imediata a oferecer ao mundo do que o segredo de um relacionamento humano autêntico. O chamado para experimentar a ágape, portanto, representa um dos desafios mais profundos feito por Cristo à sua igreja..
A igreja é uma comunidade de serviço,(Gr.Diakonia) onde nos identificamos com o nosso dom ou dons concedido pelo Espírito de Deus. A primeira igreja tinha o serviço como mais um meio de dar glória a Deus (1 Pedro 2;12) De modo diferente do mundo gentio, onde a proeminência se associava à autoridade e ao poder coercitivo, Jesus ensinou que ser grande é prestar-se ao serviço humilde (Mc 9:33-37, Lu 22:24-27). O serviço não é o caminho nem a condição para a grandeza , como geralmente supomos ; eles são, antes , a grandeza propriamente dita . Por trás disso acha-se o próprio Jesus .
O ensino Bíblico sobre o ministério da igreja (Diakonia) possui mais três aspectos.
· Os dons do Espírito
Todas as principais passagens do Novo Testamento que tratam deste tema afirmam que um dom ou dons do Espírito é propriamente de todo homem ou mulher verdadeiramente regenerado (Rm 12:3, 1Co 12:7-11, Ef 4:7,16 1Pe 4:10) Cada membro tem uma função no todo. Todo cristão é chamado para ministrar; ser um membro de Cristo é ser ministro de Cristo (1co 12:7,11)
Este é um tipo de dom do Espírito (Gn14:18, Dt 18:15, Êx 3:16), Jesus aplicou este princípio chamando os doze discípulos, e o novo testamento reflete mais tarde este mesmo padrão de nomear anciãos (Presbyteroi) ou bispos (episkopoi), diáconos (diakonoi) (At 14;23, 1Tm 3:1-3, Tt1:5) e os evangelistas, pastores e mestres * Profetas e Apóstolos. (Ef 4:11)
Os vários tipos de ministérios não implicam que a vida Cristã tenha dois níveis, correspondendo a líderes e o povo. A distinção entre ministério especializado e leigo (Gr. Laos = povo) é essencialmente funcional. Os que trabalham em tempo integral, qualquer que seja o seu título, não estão acima dos outros, nem mais próximo de Deus, nem são mais importante do que os membros de sua igreja.
·O ministério fora da igreja
O serviço oferecido pela igreja é dirigido primeiramente aos que fazem parte da irmandade da fé (Gl6:10) . O serviço de Jesus em seu sentido mais profundo foi oferecido em favor dos seus inimigos (Rm 5:6-8) . A igreja deve pois, Glorificar a Deus sendo o sal e a luz da sociedade (Mt 5:16) não simplesmente através da evangelização, mas também pelo seu esforço em influenciar a sociedade mediante um estilo de vida mais justo, mais puro, mais honesto e mais compassivo, um reflexo mais perfeito do caráter de Deus e, portanto que honra o seu nome.
A principal maneira de a igreja cumprir esta responsabilidade, à parte de seu testemunho evangelístico direto, é criar homens e mulheres de caráter cristão forte e robusto, cuja atuação diária influencie as características e qualidade da sociedade. Além disso,há ocasiões em que a igreja pode sentir a necessidade de agir como comunidade em resposta as necessidades sociais.
A igreja é uma comunidade de testemunho (Gr.Martyria), ser testemunha fiel e eficaz de Cristo entre meus visinhos, colegas de trabalho, de escola, ou onde quer que o Senhor tenha me colocado.
O chamado para testemunhar é o centro das instruções finais de Jesus aos apóstolos (At 1:8).
A tarefa de dar testemunho do evangelho ao mundo inteiro recai sobre a igreja em cada geração. É algo que jamais poderia ser relegada a um plano secundário.
A igreja é um organismo e não uma instituição; ela é uma realidade viva e crescente. Uma igreja sadia, em crescimento, será abençoada com conversões a Cristo e uma crescente semelhança com cristo. A fim de promover o crescimento da igreja segundo a imagem divina
A igreja como nós a vemos
A igreja como nós a vemos e experimentamos pode ser pouco atraente seja no cenário eclesiástico, seja em nossa comunidade cristã local. Teremos às vezes dificuldade em distinguir nela qualquer semelhança com cristo.
Devemos, porém, resistir à tentação de nos desesperarmos ou desiludirmos, com a igreja visível. Apesar de toda a sua fraqueza presente, a igreja está destinada a tornar-se gloriosa e bela.
Precisamos às vezes olhar deliberadamente para além das realidades imediatas e lembrar de sonhar com a vinda da grande Igreja, o povo aperfeiçoado de Deus, sua noiva imaculada, que será apresentada ao noivo celestial quando Ele vier.
Essa visão irá fortalecer nossa decisão de investir tempo e recurso, de dirigir energias e orações e de trabalhar através dos anos a fim de ajudar a transformar mais plenamente o corpo de Cristo.
A esfera de atuação da igreja
A missão da igreja consiste em percorrer o mundo todo para pregar o evangelho a toda criatura (cf. Mc 16.15). Em Atos 1.8 Jesus especifica a missão global da igreja dizendo que ela deveria testemunhar "...tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". A expressão "tanto...como" de Atos 1.8 é formada, no grego, pela partícula enclítica te mais a conjunção kai. Em grego "tanto...como" equivale ao nosso adjetivo comparativo e sugere, em Atos 1.8, simultaneidade de trabalho; isto é, Jesus não estava dizendo simplesmente que a Sua igreja precisava escolher uma dessas áreas geográficas para trabalhar ou que deveria começar por uma de cada vez. Pelo contrário, a idéia bíblica do termo aqui é: atuar ao mesmo tempo em todos os lugares da terra.
Infelizmente, hoje em dia não são poucos os crentes equivocados quanto à compreensão da ordem do Mestre. Quantas vezes já não ouvimos indagações mais ou menos assim: "Por que mandar ou sustentar missionários no estrangeiro se tem tanto o que fazer no Brasil?". Como sabemos, a maioria dos que pensam assim não está preocupada com a obra missionária nem mesmo no seu próprio país. Jesus ordena que o trabalho missionário da igreja seja te...kai, isto é, temos que evangelizar lá sem esquecer de cá e vice-versa.
Uma aplicação contextualizada das regiões citadas por Jesus fica por conta da nossa imaginação, mas sem, evidentemente, deturpar o texto bíblico. Jerusalém foi o berço dos acontecimentos básicos do cristianismo. Boa parte do ministério de Jesus ocorreu em Jerusalém.
Nela Jesus morreu, ressuscitou e ordenou a evangelização do mundo. Nela Jesus prometeu o Espírito Santo e nela, no dia de Pentecostes, a igreja cristã foi inaugurada 1 e habilitada para cumprir a Grande Comissão. Para efeito de comparação e aplicação da ordem de Jesus, podemos identificar Jerusalém com a cidade em que moramos. A Judéia, por sua vez, era a província que tinha Jerusalém como capital. Supomos que a nossa Judéia seja o estado onde estamos vivendo. Samaria era uma região mais afastada, situada ao norte da Judéia. Poderíamos comparar Samaria ao nosso paísl? Os confins da terra significam, naturalmente, que devemos ser testemunhas de Jesus para todos os povos. Atualmente sabe-se que "os confins da terra" de Atos 1.8 é mais que "universalidade concebida de forma geográfica". É geografia sim mas também é etnia. A missão da igreja contemporânea é mais do que missão estrangeira, é missão transcultural que envolve, por exemplo, os índios do Brasil.
Nós na igreja
Uma vez que a igreja é o povo (laos) de Deus compreende todas as pessoas de Deus em todas as nações, mesmo as que agora cruzaram as fronteiras do espaço e do tempo e vivem na presença imediata de Deus. Mas o povo deve ter uma expressão visível, local, em que as pessoas se reúnem em uma comunidade. Nesse nível local a igreja é a comunidade do Espírito Santo.
As figuras bíblicas de o corpo de Cristo, noiva de Cristo, família, templo ou videira
A Igreja são pessoas e não uma estrutura como muitos teólogos céticos pensam, A igreja tem uma natureza coletiva ou comunitária absolutamente essencial ao verdadeiro ser.
Não é simplesmente um grupo de indivíduos isolados. Segundo Stanley2 (1999) a igreja tem que ser visível, uma organização que abarca todos os batizados das congregações locais, que inclui todos os crentes verdadeiros .
“Vista como povo de Deus” a igreja é a realidade abrangente, mundial, coletiva da multidão de homens e mulheres que através da história, foram reconciliados com Deus e uns com os outros em Jesus Cristo. Deus tem-se movido na história para reunir um povo peregrino.
O que a igreja tem e o que não tem para ser igreja
A igreja será apenas uma instituição humana se não tiver a visão de Jesus Cristo para o contexto e a realidade histórica na qual está inserida.
Falar dos objetivos da igreja em contraposição as megatendências da pós-modernidade e o modismo quanto à quebra de paradigmas que resultam na perda da identidade doutrinária, do mundanismo que gera a mundanalidade na igreja pela relativização da ética cristã, arrefecendo a autoridade da igreja em sua ação reformadora no mundo, Efésios 3.10.
A igreja deve interagir na história, não andar a reboque da historieta escrita nos livro desta geração corrompida e perversa. Somos o povo do Deus que é Senhor da história e que se manifesta através da história. A igreja é manifestação de Deus na história. Não podemos nos contentar em causar impacto na história com os nossos escândalos ou com a nossa inércia contemplativa enquanto o céu não vem. É imperativo fazermos diferença no mundo, escrevendo a história da salvação na vida das pessoas e para isto, é imperioso resgatarmos a relevância da igreja no contexto sociocultural em que trilhamos a jornada da santificação.
Mas amados, a igreja só será relevante para o mundo e para o Reino, fazendo verdadeira diferença neste mundo com Agência reformadora de Deus, quando...
Estivermos preocupados com a vontade do Mestre e não com a nossa própria vontade.
"Onde queres" – Théleis, vontade ativa, soberana. A vontade decisiva e decisória de Deus onde não cabe relativização ou negociata, apenas a submissão.
Os anseios e vontades humanas desembocam sempre no hedonismo ou nas guerras cruentas e desumanas. Só à vontade de Deus para a igreja é "boa, agradável e perfeita", Romanos 12.1.
Como Jesus, devemos admitir nossa humanidade em sua plenitude, mas sempre orando: "não se faça a minha vontade, mas a tua", Lucas 22.42.
O tempo da Deus é kairós, eterno, infinito, e não kronos, limitado, mensurado e controlado pelo homem, como se fossemos senhores do tempo.
Na dispensação da igreja, da graça salvadora, o tempo é sempre presente, é hoje, e a pregação deve ser levada a efeito "a tempo e fora de tempo", 2 Timóteo 4.2.
Vale ressaltar a expressão "o Mestre diz". Mestre, didáskalos, alguém que ensina revestido de capacidade, honra e dignidade. Jesus, sendo Deus, é Senhor do tempo e fala com autoridade quanto à concisão do tempo para a pregação do evangelho. "Meu tempo está próximo", diz o Mestre.
A Igreja não pode desprezar a pregação. Não sabemos quando o Mestre voltará, Mateus 25.13. Estar preparados para adentrarmos com ele em sua glória implica em testemunho e pregação incessantes.
Nossos cultos se tornarem verdadeira celebração ao Cristo vivo, não à liturgia, à Denominação ou a Eclesiologia .
É autoritário buscarmos a consciência de libertação, Páscoa, e de celebração, de festa, de alegria e satisfação em nossos cultos, devido à presença do próprio Deus entre nós.
O texto não prevê sectarismo ou uniformidade. Não induz ao radicalismo ou ao êxtase emocional espiritualista esotericamente espiritualizado. Se quiser, o texto aponta para um denominacionalismo desvairado e promotor de uma nefasta negligência ao que é bíblico em defesa de um hediondo tradicionalismo histórico-denominacional.
A festa, a Páscoa, era um memorial da libertação do Egito, da morte as mãos do opressor, no sangue da remissão, Êxodo 12.14-17. Da mesma forma, nossos cultos devem ser verdadeira celebração pela e para salvação em Cristo. Uma festa alegre e vívida em gratidão pela libertação do pecado que nos é outorgada por Cristo.
Devemos buscar a consciência de que o Senhor está em seu trono de glória para receber de nós um culto “vivo, santo e agradável”, Romano 12.1, resultado de mentes renovadas em Cristo no entendimento dos mistérios da salvação, 1 Coríntios 2.14-16.
Qual a nossa reação diante da expressão "um de vós me trairá". Somos assolados pela consciência de pecado que desemboca no arrependimento ou permanecemos insensíveis e nada nos impulsiona à santidade?
É assombroso que muitos crentes não sintam o sabor amargo de pecado como sentiram Moisés, Jacó, Isaías, Jeremias, Pedro, Paulo e muitos outros indicados no Texto Sagrado, insistindo nos passos de Caim e na decisão diabólica tomada por Judas Iscariotes, persistindo na traição.
Muitos, mesmo estando diante de Jesus e sendo desafiados ao arrependimento, não conseguem olhar para Jesus e identificá-lo com Senhor absoluto de todas as coisas, Kírios, admitindo-o apenas como rabi, mestre da lei, o que não é uma característica da personalidade de Jesus.
No culto verdadeiro Deus sempre manifesta sua glória, Isaías 6.1-8, e se nos dispomos à perfeita adoração, sempre somos levados à contrição e ao arrependimento, a fim de que dediquemos nossas vidas em perfeito louvor, evidenciado na proclamação do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Retirar-se do culto sem experimentar restauração santificadora, permanecendo na inércia petrificada do comodismo, é constituir-se em traidor.
Como igreja, se buscamos grande valor para a sociedade, se pretendemos fazer a diferença já em nosso tempo, profetizando um futuro melhor, não podemos permanecer aguilhoados ao pelourinho do pecado e dissociados pelo preconceito que ressalta as idiossincrasias. Se somos igreja, devemos vivenciar íntima comunhão, irmanados em Jesus Cristo , Efésios 2.14-18 e 1 João 4.20. O sangue do pacto foi derramado "para a remissão de pecados", para cobrir e apagar o escrito de culpa que recaia sobre nós, Colossenses 2.14, para nos reconciliar com Deus, 2 Coríntios 5.18 e 19, fazendo-nos um só povo, Efésios 4.4 e conjugando-nos em só coração, Atos 4.32 O sangue que "nos purifica de todo o pecado", a partir do arrependimento e da confissão sincera diante de nosso Advogado e único mediador, Jesus Cristo, l João 1.8, 2.2 e 1 Timóteo 2.5, nos impõe a comunhão que afaga o coração e acarinha o aflito e o existencialmente desesperançado. Pelo que, a igreja deve retirar-se do templo, após o culto prestado, restaurado, perdoado, transbordando em amor e alegria e amalgamada no sangue de Jesus Cristo.
Todo o nosso pecado e preconceito devem ser abandonados aos pés da cruz de Cristo, o Cristo que "é tudo em todos", Colossenses 3.11.
Igreja Verdadeira
Onde podem ser encontradas hoje a igreja verdadeira e quais os seus aspectos essenciais? Em primeiro lugar devemos distinguir os vários significados da palavra igreja: todo o povo de Deus em todos os séculos, o conjunto total dos eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível. A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências à igreja (ekklesia) do Novo Testamento. Todo o povo de Deus no mundo, em determinada época, talvez melhor definida como a igreja universa3 ! Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).
"A igreja dentro da igreja". Notamos antes a distinção feita entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de Deus). Jesus ensinou que o reino corresponde a este padrão: o joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43). Dentro do grupo identificado com Cristo acha-se o povo de Deus, a verdadeira igreja. Não existe, então, uma igreja pura; em meio a cada igreja pode haver pessoas que não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último dia (Mt 7.21-23).
Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível deste lado da glória, onde podemos descobrir o verdadeiro povo de Deus visivelmente reunido? Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da igreja autêntica.
Uma das Características da Igreja é ser apostólica, mas existe apostolo Hoje?
APOSTÓLICA
O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de Jesus; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre Jesus e todas as gerações subseqüentes da fé cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras. Desde que o apóstolo significa literalmente enviado,(apóstolos) não é de surpreende que o Novo Testamento refira-se ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas, etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.
O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de Jesus; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre Jesus e todas as gerações subseqüentes da fé cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras. Desde que o apóstolo significa literalmente enviado,(apóstolos) não é de surpreende que o Novo Testamento refira-se ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas, etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.
É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histórica do ministério, retrocedendo até Cristo e seus apóstolos através de uma sucessão de bispos. Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda noção da graça de Deus comunicada mediante uma sucessão histórica de dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica, a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do século dezoito com Whitefield e os Wesleys.
O catolicismo romano estende esta interpretação de "apostólico" para incluir a reivindicação de que o Bispo de Roma é o sucessor histórico de Pedro e o guardião especial da graça de Deus na igreja.
A alegação é insustentável. A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo nomeado para liderar a missão fora de Jesuralém e quando João lutava para corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas2.
Roma alega ainda que esta suposta supremacia de Pedro deveria continuar para a salvação eterna e bem contínuo da igreja. Nenhum dos versículos citados como apoio escriturístico (Mt 16.18s; Jo 21.15-17 e Lc 22.32) faz qualquer referência a um sucessor de Pedro. Essas duas reivindicações romanas contrariam a evidência manifesta no Novo Testamento, e a terceira, de que a primazia de Pedro se estende ao bispo de Roma, é ainda menos digna de crédito. O fato de Pedro ter terminado sua vida como mártir em Roma é uma tradição primitiva que encontra apoio razoável; as dificuldades históricas, porém, para mostrar que houve uma sucessão estabelecida de bispos monárquicos de Roma, a partir do primeiro século, são intransponíveis.
A sucessão apostólica é na verdade a sucessão do evangelho apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma para outra geração: "homens fiéis... para instruir a outros" (2 Tm 2.2). A igreja é apostólica à medida que reconhece na prática a autoridade suprema das escrituras apostólicas.
CATÓLICA
O termo católico significa literalmente abrangendo ao todo. E em seu uso primitivo, significava ser a igreja universal, distinguindo-a da local; mais tarde, veio significar a igreja que professava a fé ortodoxa, em contraste com os hereges. Com o passar do tempo, Roma adotou o termo para referir-se a si mesma como instituição eclesiástica, centrada no papado, historicamente desenvolvida e geograficamente difundida. Os reformadores do século dezesseis procuraram restaurar o significado anterior da catolicidade, em termos do reconhecimento da fé ortodoxa; nesse sentido, argumentavam eles, a igreja católica era de fato eles e não Roma.
O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos. Distinta do judaísmo, com seu exclusivismo racial, e do gnosticismo, com seu exclusivismo cultural e intelectual, a igreja abriu seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes morais. Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única exigência para admissão era a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).
É neste nível fundamental que esta característica (a de ser católica) deve ser entendida. As igrejas que exigem outros testes devem ser consideradas como suspeitas.
Não existe lugar numa verdadeira igreja para a discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou moral, neste último caso desde que haja evidência de verdadeiro arrependimento. A discriminação denominacional também precisa ser examinada com cuidado nos casos em que as doutrinas fundamentais bíblicas sejam claramente reconhecidas.
UNA
A unidade da igreja procede de seu fundamento do único Deus (Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade. Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade total. Na igreja do Novo Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13). Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11, BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl 2.9s).Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, onde a adoração se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal, centrado na exposição da palavra escrita. Este modelo tirado da sinagoga justifica o fato de as igrejas do primeiro século serem consideradas um ramo do judaísmo. Tiago 2.2 usa até mesmo a palavra sinagoga para a reunião dos cristãos. Existem também elementos discerníveis de mais de uma forma de governo da igreja.
A verdadeira unidade no Espírito Santo de todo o povo regenerado é um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a unidade no Novo Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade fundamental da vida que o Espírito concedeu através da regeneração (Ef 4.3). Os Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível (todos os eleitos que são verdadeiramente um em Cristo) e a igreja visível (um grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação.
Roma tem usado este sinal de maneira polêmica, a fim de proclamar sua unidade, comparando-a à fragmentação do protestantismo, como uma evidência de ser a verdadeira igreja. Isto, no entanto, ignora três pontos: (i) A própria Roma separou-se da igreja ortodoxa em 1054, e jamais tinha sido considerada universalmente como a única igreja verdadeira em séculos anteriores; por exemplo, a igreja celta floresceu na Inglaterra, e Patrício fundou a igreja inglesa muito antes de os missionários romanos terem chegado a Inglaterra. (ii) Os sinais devem manter-se juntos. A sucessão histórica e a unidade exterior não têm validade quando não associadas à lealdade e ao evangelho apostólico. (iii) Embora o protestantismo tenha-se mostrado às vezes necessariamente desagregador, pode ser argumentado que, através de seu desvio da doutrina bíblica, é a própria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos séculos.
As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível entre o povo de Deus, mas elas também tornam claro que a divisão acha-se perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo Apostólico estiver em risco. Esta foi a razão da discórdia entre Paulo e os judaizantes (Gl 1.6-12), e entre Jesus e os fariseus (Mc 7.1-13). É significativo notar que quando Judas pretendeu escrever sobre a salvação que temos em comum, ele achou necessário insistir com os leitores para "batalhar diligentemente pela fé que uma vez foi entregue aos santos" (Judas 3). Para o Novo Testamento, a unidade está baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas do Cristianismo Apostólico.
O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef 2.15; 4.4; Cl 3.15). Jesus orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João 17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22) confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica, esta certamente inclui identificação visível de vida e propósito, pois Jesus em toda a sua missão expressou uma união visível e demonstrável com o Pai. Em outras palavras, é preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico. Este fato tem especial importância quando dois ou mais grupos que têm uma fé bíblica estiverem operando na mesma área, como, por exemplo, em um campus universitário. O desafio mais profundo deste ensinamento, porém, situa-se ao nível dos relacionamentos na igreja local. Nesse ambiente, a unidade da vida em Cristo deve expressar-se através do cuidado e compromisso genuínos e tangíveis de uns para com os outros. Na ausência disto, a reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).
SANTA
O povo de Deus forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em virtude de estar unido a Cristo, separado para ele e revestido com sua justiça perfeita. Na sua posição diante de Deus em Cristo, a igreja é irrepreensível e isenta de qualquer mancha moral. A distinção entre a igreja visível e a invisível aplica-se aqui, desde que esta santidade imputada não pertence aos membros da igreja não confiam pessoalmente em Cristo como Salvador.
A união com Cristo envolve também uma santidade de vida que seja visível. Desse modo, a relação da igreja com Cristo, o seu cabeça, será expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus relacionamentos comunitários. A igreja alheia à santidade é alheia a Cristo. Quando Cristo dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap 2.-3). A fim de não desanimarmos ao aplicar este teste, vale a pena lembrar que grande parte da vida da igreja do Novo Testamento foi eivada de erros, divisões, falhas morais e instabilidade. Não obstante, a presença de um sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de Deus.
Conclusão
É urgente e premente uma reflexão quanto relevância e a atuação da igreja no mundo da globalização .
Sejamos igreja. Corpo vivo de Cristo. Submissos a ordem do Mestre e consciente da brevidade do tempo para a salvação. Sejamos igreja que festeja a vitória de Cristo na Cruz e que é contristada pela consciência de pecado. Sejamos igreja santa e poderosa na evangelização para que desfrutemos do perdão, do amor e da comunhão íntima, expressão inconteste da nossa reconciliação com Deus em Cristo Jesus.
A meta da igreja consiste em chegar a ser como Cristo, compartilhar as Boas da salvação gratuita que Deus nos oferece, fazer discípulos , ajudar uns aos outros mutuamente e preservar-se fielmente na obediência até a sua volta.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ,,ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Mateus 28;19-20
Referência Bibliográfica
KEELEY, Robin; ENGLISH, Donald: Fundamentos da Teologia Cristã. . São Paulo: Ed Vida, 2000
MILNE, Bruce. Manual de doutrina Bíblica. In: Conheça a verdade. São Paulo:
ABU Editora, 1987.
Stanley, J Grenz. Dicionário de teologia. Edição de bolso. São Paulo: Ed. Vida. 2000
GILPATRICK, Teston. A missão de Deus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1983.
1 Para os pentecostais a igreja iniciou no dia de pentecostes, para os Metodistas a igreja começou com o ministério de Jesus.
2 Stanley J Grenz, Professor de teologia e ética na Universidade Carey Hall / Regente em Vancouver, British Columbia No Canadá . Doutorado em teologia pelo King’s college, Universidade de Londres.
Área do estudo teológico interessado em entender a igreja (derivado do termo grego ekklêsia, “igreja”)
3 Igreja Universal no sentido de Mundial , não expressando aqui uma denominação.
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