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4 de janeiro de 2015

O dízimo é bíblico. Mas não é cristão.

O Dízimo é Bíblico?

Há dízimo na Bíblia? Sim, o dízimo é bíblico. Mas não é cristão. O dízimo pertence à velha Israel. Foi essencialmente um imposto de renda. No primeiro século, no NT, não há registro de cristãos dizimando.
A Origem do Dízimo e do Salário do Clero.

Cipriano (200-258 d.C.) foi o primeiro escritor cristão a mencionar a prática de sustentar financeiramente o clero. Ele arrazoava que da mesma forma como os levitas foram sustentados pelo dízimo, assim também o clero cristão deveria ser sustentado pelo dízimo. [15] Mas isso representa um pensamento equivocado. Hoje, o sistema levítico está eliminado. Somos todos sacerdotes agora. Então se um sacerdote demanda dízimo, todos os cristãos devem dizimar-se mutuamente! O pedido de Cipriano foi bem incomum naquele tempo. Tanto que não foi apoiado nem divulgado pelo povo cristão naquele momento, mas muito tempo depois. [16] Além de Cipriano, nenhum escritor cristão antes de Constantino jamais utilizou referências do VT para recomendar o dízimo. [17] Foi apenas no século IV, 300 anos depois de Cristo, que alguns líderes cristãos começaram a defender o dízimo como prática cristã para sustentar o clero. [18] Mas isto não chegou a ser comum entre os cristãos até o século VIII! [19] Segundo um erudito, “pelos primeiros setecentos anos isso (os dízimos) quase nem foi mencionado”.[20]
Relatar a história do dízimo cristão é um exercício fascinante. O dízimo migrou do Estado para a Igreja. Na Europa Ocidental, exigir o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra que lhe era dada em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era entregue à Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa. Isto resultou em um novo significado relacionado a esta cobrança de 10%. Chegou a ser identificado com o dízimo levítico! Por conseguinte, o dízimo cristão como instituição foi baseado em uma fusão da prática do VT com a instituição pagã. [21]
Pelo século XVIII, o dízimo chegou a ser um requisito legal em muitas áreas da Europa Ocidental. [22] Pelo fim do século X, a diferença do dízimo enquanto imposto de renda e mandamento moral apoiado no Antigo testamento havia desaparecido. [23] O dízimo tornou-se obrigatório ao longo da Europa cristã. [24]
Em outras palavras, antes do século VIII, o dízimo era um ato de oferta voluntária. [25] Mas pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal para sustentar a Igreja Estatal — exigida pelo clero e colocada em vigor pelas autoridades seculares! [26]
Felizmente, a maioria das igrejas modernas abandonou a prática do dízimo como uma exigência legal. [27] Mas a prática de dizimar está tão viva hoje como foi durante o tempo em que era um requisito legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar. Mas se você não for dizimista — isto se aplica à maioria das igrejas modernas — você será excluído das posições importantes do ministério. E sempre será culpado e atacado de cima do púlpito! [28]
Quanto aos salários do clero, os ministros não receberam salários durante os primeiros três séculos. Mas quando Constantino entrou em cena ele instituiu a prática de pagar um salário fixo ao clero dos fundos eclesiásticos e das tesourarias municipais e imperiais. [29] Assim, pois, nasceu o salário do clero, uma prática daninha que não tem precedente no NT. [30] Mas isso não é tudo. O ato de pagar um salário ao pastor obriga-o a ser complacente com os homens. Torna-o escravo dos homens. O “vale refeição” do pastor está garantido na medida em que ele se faz simpático à congregação. Assim, pois, ele nunca está à vontade para expressar-se livremente sem temer perder alguns fortes dizimistas. Esta é a praga do sistema do pastor assalariado.
Conclusão
Embora o dízimo seja bíblico, não é cristão. Jesus Cristo não o afirmou. Os cristãos do século I não o observaram. E por cerca de 300 anos o povo de Deus não o praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos até o século VIII! O ato da oferta no NT era segundo a capacidade de cada um. Os cristãos doavam para ajudar outros tanto como para apoiar obreiros apostólicos, permitindo-lhes viajar e fundar igrejas. [48] Um dos testemunhos da Igreja Primitiva foi o de revelar o quão liberais eram os cristãos com relação aos pobres e necessitados. Foi isto que fez com que gente de fora da igreja, inclusive o filósofo Galeno, presenciasse o poder gigantesco e encantador da Igreja Primitiva e dissesse: “Olhe como se amam uns aos outros”. [49] O dízimo é mencionado apenas quatro vezes no NT. Mas nenhuma destas quatro ocorrências se refere a cristãos. [50] Definitivamente, o dízimo pertence ao VT onde um sistema de tributação foi estabelecido para apoiar aos pobres e onde havia um sacerdócio especial separado para ministrar ao Senhor. Com a vinda de Jesus Cristo, houve uma “mudança na lei” — o antigo acordo foi “cancelado” e “posto de lado” dando lugar a um novo. [51] Agora, todos somos sacerdotes — livres para funcionar na casa de Deus. A Lei, o velho sacerdócio, o dízimo, todos foram crucificados. Agora não há cortina do templo, nem imposto do templo, e não há um sacerdócio especial que se coloca entre Deus e o homem. Você, querido cristão, foi libertado da atadura do dízimo e da obrigação de apoiar o sistema do clero.




FRANK A. VIOLA



2 comentários:

  1. "Essa vertente (bibliografia sugerida) é literalmente a contra-cultura eclesial de várias organizações confessionais. Se própria ou imprópria à todo cristão somente se comprova conhecendo a verdadeira história da igreja cristã através dos tempos, sem cortes e recortes".___Wandeir Pereira Tavares

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  2. Cobrar o dizimo é negar a eficácia do CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO...

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